A partir de 2020, o salário mínimo é de R$1.045. Especialistas dizem que o novo piso não é suficiente para cobrir as despesas básicas da população.
“O aumento da informalidade leva a uma redução da renda de mais trabalhadores no mercado. As pessoas perdem a proteção da garantia mínima e, para sobreviver, aceitam qualquer emprego”, disse Ana Tereza Pires, pesquisadora do IDados.
Além disso, a diferença salarial entre funcionários demitidos e contratados aumentou nos últimos meses do ano passado. Isso indica que o aquecimento do mercado ainda não voltou ao seu ritmo normal.
Quando a formação não é nenhuma garantia
Ademais, ela lembrou que a crise também aumentou o número de trabalhadores com maior nível de escolaridade que caem na informalidade ou aceitam menores salários no mercado formal.
De 2014 a 2019, por exemplo, houve um forte aumento no número de empregados que concluíram o ensino médio ou superior e ganharam apenas um salário mínimo. Eles ocupam vagas que antes eram destinadas a talentos de baixa qualidade.
Valdelice Lima, 44, assistente comunitária, é um exemplo. Ela se formou em 2010 com especialização em gestão de negócios e trabalha na cidade do Rio de Janeiro. No entanto, recebe apenas um salário mínimo. “Em casa, nós três. Só gastamos dinheiro com o básico.”
Comparação com 2019
Assim, com a lenta recuperação do emprego, o salário mínimo tornou-se, na verdade, o limite máximo para muitos trabalhadores.
No trimestre encerrado em setembro passado, 27,3 milhões de pessoas ganhavam não mais do que um salário, o que equivale a um terço do total de trabalhadores do país.
Por fim, sabe-se que grande parte desse aumento se deve ao aumento da informalidade. Sem a estrutura dos empregos formais, os trabalhadores informais enfrentarão piores condições e baixos salários. No terceiro trimestre de 2019, eram 20,9 milhões de trabalhadores não regulares ganhando não mais que R$ 998 por mês – ante 6,2 milhões de trabalhadores regulares no mesmo período do ano anterior, isto é, um aumento de 337%.
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