Na 228ª reunião, o Copom decidiu por unanimidade reduzir a taxa Selic para 4,25% ao ano.
Os dados de atividade econômica divulgados desde o último Copom mostram que a economia brasileira está se recuperando gradativamente.
Em circunstâncias externas, apesar do recente aumento da incerteza, as características frouxas da política monetária nas principais economias ainda podem criar um ambiente relativamente favorável para as economias emergentes;
O Comitê entende que diversas medidas de inflação básica são compatíveis com o cumprimento da meta de inflação na perspectiva da política monetária.
Taxa SELIC nos próximos anos
De acordo com a pesquisa Focus, as expectativas de inflação para 2020, 2021 e 2022 são de aproximadamente 3,4%, 3,75% e 3,5%, respectivamente.
No cenário misto, a projeção do Copom é que a taxa SELIC seja cerca de 3,5% em 2020, e 3,7% em 2021. No final do ano era de 4,25% aa e subiu para 6,00% aa em 2021.
Já a taxa de câmbio fixa é de 4,25 reais/USD, cujo aumento previsto é cerca de 3,5% em 2020 e 3,8% em 2021.
Pontos de atenção
O Comitê destacou que, na situação básica da inflação, os fatores de risco ainda são de mão dupla. Por outro lado, altos níveis de ociosidade podem continuar produzindo trajetórias abaixo do esperado.
Da mesma forma, o atual grau de estímulo monetário tem efeito defasado sobre a economia. Isso pode fazer com que a trajetória da inflação ultrapasse o intervalo esperado da política monetária em questão.
Nas seguintes situações, o risco aumenta:
- o poder da política monetária aumenta devido a alterações na intermediação financeira e nos mercados de crédito e de capitais,
- o ambiente externo das economias emergentes piora ou
- possível frustração quanto à continuidade das reformas e perseverança em fazer os ajustes necessários à economia brasileira.
Assim, considerando o cenário básico, o balanço de riscos e o amplo conjunto de informações disponíveis, o Copom decidiu, por unanimidade, pela redução da taxa SELIC para 4,25% a.a.
Cenário econômico
O Comitê entende que a decisão reflete a sua situação básica e o balanço de risco da inflação esperada. Além disso, é consistente com a convergência da inflação para a meta dentro da visão relevante da implementação da política monetária, incluindo o ano calendário 2020, e à medida que o peso aumenta, para 2021.
O Copom reiterou que a conjuntura econômica exige a formulação de políticas monetárias estimulantes, ou seja, as taxas de juros são inferiores às estruturais.
O comitê acredita que a reforma da economia brasileira e o necessário processo de ajuste já avançaram, mas ressaltou que a perseverança é fundamental para a manutenção da queda das taxas de juros estruturais e a recuperação sustentável da economia. O comitê enfatizou ainda que as percepções sobre a continuidade da agenda de reformas afetarão as expectativas e projeções macroeconômicas atuais.
O Copom entende que o atual estágio do ciclo econômico recomenda cautela na condução da política monetária. Considerando os efeitos defasados do ciclo de afrouxamento iniciado em julho de 2019, o Comitê vê como adequada a interrupção do processo de flexibilização monetária.
O Comitê destacou ainda que, com o desenvolvimento da atividade econômica, o balanço dos riscos e as projeções e expectativas de inflação, continuará dando o próximo passo e aumentando o peso no ano calendário de 2021.
Votaram a favor da decisão os seguintes membros da comissão: Roberto Oliveira Campos Neto (Presidente), Bruno Serra Fernandez, Carolina de Assis Barros, Faby O Canchuk, Fernanda Feitosa Necchio, João Manoel Pinho de Mello, Mauricio Costa de Mora, Horta Vio Ribeiro Damaso e Paulo Sérgio Neves de Souza.